Algumas perdas são sentidas pelo que já passou. Outras pelo que poderia ter sido.
No caso de Joanice Pierini, o que me atormenta é não apenas a saudade e a gratidão imensas que levarei para sempre comigo.
É também a frustração de ver uma pessoa com tanta capacidade, sonhos e talento, ir embora assim, tão absurdamente cedo.
Tive o privilégio de conhecê-la na redação do Diário de Cuiabá e, com seu exemplo, perceber que é possível, sim, ser um jornalista objetivo, organizado e rigoroso, sem perder a capacidade de se emocionar e de levar sua emoção ao leitor (seu legado de grandes reportagens fica como prova e símbolo dessa capacidade rara).
Naquele período, mesmo nos momentos de maior tristeza - e foram tantos -, era com profissionalismo, e às vezes até um sorriso no rosto, que ela encarava mais um dia de trabalho.
Tive o privilégio de conhecê-la na redação do Diário de Cuiabá e, com seu exemplo, perceber que é possível, sim, ser um jornalista objetivo, organizado e rigoroso, sem perder a capacidade de se emocionar e de levar sua emoção ao leitor (seu legado de grandes reportagens fica como prova e símbolo dessa capacidade rara).
Naquele período, mesmo nos momentos de maior tristeza - e foram tantos -, era com profissionalismo, e às vezes até um sorriso no rosto, que ela encarava mais um dia de trabalho.
E como trabalhava aquela menina.
E como contribuía, sempre generosa, para aprimorar o trabalho dos colegas.
Na última vez que nos encontramos, ela ainda tentava se adaptar à nova vida em Brasília.
Na última vez que nos encontramos, ela ainda tentava se adaptar à nova vida em Brasília.
Morava sozinha - em um daqueles cubículos que no Distrito Federal ganham o nome de apartamento -, trabalhava em uma atribulada assessoria de imprensa e ainda encontrava tempo para free-lances em grandes veículos de circulação nacional.
Me contou que tentara emplacar uma pauta no Correio Braziliense.
Me contou que tentara emplacar uma pauta no Correio Braziliense.
Estava fascinada com os Dragões da Independência. "Vida de Dragão", disse-me ela, com um sorriso, apontando para o soldados que fazem a guarda solene do Palácio do Planalto. "Ninguém sabe quem são, como vivem, o que pensam do Presidente".
Em seus olhos, vi que não estava feliz. Seu coração ainda batia em Cuiabá.
Em seus olhos, vi que não estava feliz. Seu coração ainda batia em Cuiabá.
Mas era com esperança e o mesmo ar altivo de sempre que ela se apegava a seus sonhos e projetos, e os defendia com tamanha intensidade, que era mesmo difícil imaginar que não conseguisse realizá-los, um a um, pela vida afora.
Mas não deu. A doença foi, enfim, mais forte que do que a nossa "oncinha".
Mas não deu. A doença foi, enfim, mais forte que do que a nossa "oncinha".
Choro pela amiga e também por tudo o que ela não teve tempo de realizar.
Choro sua família, que a acolheu nos últimos momentos.
Choro por nossa impotência diante da morte.
Que ela viva agora, e para sempre, no coração dos amigos.
Que ela viva agora, e para sempre, no coração dos amigos.
* RODRIGO VARGAS é jornalista...
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