sexta-feira, 6 de abril de 2012

A VOZ DO MEU ANJO

Rezávamos juntas,
eu e minha filha amada,
sobre minhas pernas,deitada,
sempre na hora
do alto sol do meio dia.

Pedíamos à Sagrada Família,
"socorrei-nos, e aumentai a nossa fé" .

Rezávamos todas as Ave Marias,
todos os Pai Nosso, os Gloria,
os perdoai-nos, e os "não nos deixeis cair em tentação
mas livrai-nos, do mal."

Ai então,
ela me precedeu na partida.

Agora,faço sozinha 
a minha oração.

Ficou para ela a parte dos "amém".
(que ela sussurra somente
nos ouvidos do meu coração!)

terça-feira, 13 de março de 2012

Imprensa perde Joanice Pierini

Ex-editora executiva do Diário, ela era considerada uma das mais competentes jornalistas de sua geração


ALECY ALVES
Da Reportagem

Morreu na madrugada do dia 21/04/2005, em Campo Grande (MS) a jornalista Joanice Pierini Loureiro, de 31 anos. Ex-editora executiva do Diário, Joanice era considerada uma das profissionais mais competentes da nova geração da imprensa mato-grossense. Portadora de uma cardiopatia, agravada pela hipertensão pulmonar, há vários anos ela lutava contra a doença na expectativa da cura ou ao menos o seu controle.
Formada em Jornalismo pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Joanice atuou por mais de cinco anos em Cuiabá. Aqui, além do Diário, trabalhou na TV Centro América, na extinta sucursal do jornal Gazeta Mercantil e fez parte da diretoria do Sindicatos dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor) como membro da Comissão de Ética. Foi também repórter free-lancer da Folha de São Paulo e de O Globo.
Para Gustavo Oliveira, diretor editorial do Diário, Joanice Pierini foi uma das mais brilhantes jornalistas de sua geração. “Além de seu talento como repórter, tinha o dom de saber comandar e motivar seus colegas de redação”, disse. Uma das melhores características, avaliou Oliveira, era seu senso apurado de organização, que muito contribuiu para modernizar a redação do jornal no final dos anos 90.
O ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas, Rodrigo Vargas, que dividiu as atribuições sindicais com Joanice e a teve como companheira de trabalho na redação do Diário, a via como uma profissional em quem podia se espelhar. “Ao mesmo tempo em que era rigorosa na apuração, ela passava sensibilidade ao texto, conseguia conciliar essas duas coisas importantes”, avaliou Rodrigo.

Pessoalmente, Rodrigo a tinha como uma das pessoas mais generosas que conheceu. E como alguém muito forte, que nunca era vista cabisbaixa. “O que nos entristece é saber o quanto ela poderia realizar e contribuir com a profissão. Sua morte é uma grande perda, tanto pela que ela fez e pelo que poderia fazer”, completou.

O vice-presidente do Sindjor, Jonas Silva, considerava Joanice uma profissional exigente, como requer a profissão, e cada vez mais preocupada em melhorar como profissional e pessoa.

Diretora de Comunicação da Prefeitura de Cuiabá, a jornalista Noelma Oliveira diz que se impressionava com a competência e organização de Joanice. “Ela era de um profissionalismo admirável, fazia e acreditava no jornalismo sério e tornava o ambiente de trabalho o mais agradável possível”, completou.

Amiga e companheira de trabalho, Camila Bini confessa que olhava Joanice com grande admiração. “Organizada, pontual e competente, mantinha ótimas relações profissional e de amizade. Circulava bem entre todos os meios. Era uma pessoa de fácil convivência e tinha uma agenda invejável”, disse.

Morando há pouco mais de um ano em Campo Grande (MS), para onde se mudou a fim de dar continuidade ao tratamento de saúde, Joanice nunca escondeu que um de seus objetivos era voltar a trabalhar em Cuiabá.

JOANICE VIROU ESTRELA ...

                      
JOANICE virou estrela,
passou por mim aqui, como uma brisa
Passou pela casa da Tia Isa
prá mostrar sua beleza...
Passou pelo Vô e pela Vó Teresa
e soprou um sopro divino ...
suave, pequenino, que ninguem vê...



Passou por Itajubá,
pela casa do Tio Bê...
e entoando uma linda canção,
beijou Solano, o irmão...


E voltou para seus pais,
para dizer até breve,
tudo num átimo de tempo bonito...
E partiu para o infinito ao léu.


E JOANICE, é, hoje,
a estrela mais bonita do céu...

sábado, 3 de março de 2012

A CERTEZA DO DEVER CUMPRIDO (Maria Teresa A. Pierini)

De Joanice, podemos dizer que ocupou um espaço de ousadia e participação na vida de seu jornalismo, o qual foi para ela um código de amor.
Foram grandes os inúmeros desafios para sua limitação física, que soube enfrentar com equilíbrio, sabedoria e fidelidade ao juramento que fez.
Sabia dizer que o futuro só seria melhor se cada um fizesse sua parte, cumprindo o compromisso da palavra empenhada.
É certo que uma jornalista, em meio a tantas adversidades, não viveu o melhor dos mundos, mas viveu encantada com sua profissão.
Todavia, não podemos perder de vista, que acima desses revezes está o ofício que escolheu, enfaixando a um só tempo, beleza e singularidade.
Soube ser honrada em suas maravilhas que procurou preservar.
Tinha consciência de que seu estar no mundo tinha uma razão, compartilhando e servindo, com a certeza, de que da sociedade, a gente recebe, mas tem de retribuir.
Reconhecemos seus valores e qualidades, tendo sido sempre uma buscadora de razões, pelo que, somos todos agradecidos...
Podemos dizer sim, “HÁ O QUE FESTEJAR !”

Maria Teresa Almeida Pierini – Vó Teresa

O exemplo de Joanice (Rodrigo Vargas)

Algumas perdas são sentidas pelo que já passou. Outras pelo que poderia ter sido. 
No caso de Joanice Pierini, o que me atormenta é não apenas a saudade e a gratidão imensas que levarei para sempre comigo. 
É também a frustração de ver uma pessoa com tanta capacidade, sonhos e talento, ir embora assim, tão absurdamente cedo.

Tive o privilégio de conhecê-la na redação do Diário de Cuiabá e, com seu exemplo, perceber que é possível, sim, ser um jornalista objetivo, organizado e rigoroso, sem perder a capacidade de se emocionar e de levar sua emoção ao leitor (seu legado de grandes reportagens fica como prova e símbolo dessa capacidade rara).

Naquele período, mesmo nos momentos de maior tristeza - e foram tantos -, era com profissionalismo, e às vezes até um sorriso no rosto, que ela encarava mais um dia de trabalho. 
E como trabalhava aquela menina. 
E como contribuía, sempre generosa, para aprimorar o trabalho dos colegas.

Na última vez que nos encontramos, ela ainda tentava se adaptar à nova vida em Brasília. 
Morava sozinha - em um daqueles cubículos que no Distrito Federal ganham o nome de apartamento -, trabalhava em uma atribulada assessoria de imprensa e ainda encontrava tempo para free-lances em grandes veículos de circulação nacional.

Me contou que tentara emplacar uma pauta no Correio Braziliense. 
Estava fascinada com os Dragões da Independência. "Vida de Dragão", disse-me ela, com um sorriso, apontando para o soldados que fazem a guarda solene do Palácio do Planalto. "Ninguém sabe quem são, como vivem, o que pensam do Presidente".

Em seus olhos, vi que não estava feliz. Seu coração ainda batia em Cuiabá. 
Mas era com esperança e o mesmo ar altivo de sempre que ela se apegava a seus sonhos e projetos, e os defendia com tamanha intensidade, que era mesmo difícil imaginar que não conseguisse realizá-los, um a um, pela vida afora.

Mas não deu. A doença foi, enfim, mais forte que do que a nossa "oncinha". 
Choro pela amiga e também por tudo o que ela não teve tempo de realizar. 
Choro sua família, que a acolheu nos últimos momentos. 
Choro por nossa impotência diante da morte.

Que ela viva agora, e para sempre, no coração dos amigos.

RODRIGO VARGAS é jornalista...

Para sempre minha amiga... (Rubens Valente)

Poucos amaram tanto a profissão quanto ela. Viveu com o jornalismo na veia. 
Nesse corpo que teimou em falhar onde sobravam a mente e a emoção, tremia a chama verdadeira. 
Por onde passou, fomos todos testemunhas. Sempre a remoer isso ou aquilo, como a dizer que não tinha vindo ao mundo a passeio. 
Quem sabe, essa urgência não era só para nos dizer que seu tempo entre nós era curto - e curto que foi.
Em tardes distantes de Cuiabá, lá pelos idos 1997, um sol de amolecer as idéias, comendo arroz com pequi, eu, ela e o Zé Luís, discutíamos com entusiasmo como seria a nossa microempresa, uma agência de notícias do centro-oeste e da amazônia.
Tudo era ela quem organizava, do cartão de visitas à agenda de fontes, era ela quem incentivava e quem mais sonhava, sonhávamos todos, mas ela sempre mais, e tudo demorou uns seis meses, e até que estava dando certo, (já pagávamos as contas dos telefone, claro o aparelho era dela...), mas aí fomos parando, parando, até trocar o projeto instável pela segurança do ganha-pão.
Anos depois, um amigo, Amaury Jr., estava atrás de um bicheiro de Mato Grosso. Recomendei que a procurasse. Ontem ele se lembrava, ao telefone: "Que  dia triste, ela me ajudou tanto. Que pessoa maravilhosa". 
Ela soube que o colega estava sob ameaça e deu proteção a quem mal conhecia, por meio do jornal em que trabalhava, hospedou-o, deu-lhe abrigo. Mesmo sabendo dos riscos reais que corria.
Em Cuiabá, por essas e outras, deixou tantos amigos, pelas redações as pessoas choravam ontem.
Tempos depois, quando já trabalhava na Câmara dos Deputados, colocou de novo seu emprego em risco para me ajudar - dois gabinetes já haviam recusado o apoio, mas não ela.
Nunca falhou quando dela precisamos, ajudava a todos.
Então um dia, já apartados pela vida, começaram a chegar as primeiras notícias. Demorei a compreender, até hoje não acredito. Ela nunca falava sobre o assunto. 
Jamais ouvi de sua boca uma reclamação sobre saúde, e entendo agora a gravidade do assunto, fico espantado em silêncio.
Numa manhã bonita de sol aberto ficamos sabendo estarrecidos que aquela menina, que queria e podia desbravar os cantos mais remotos, agora já não podia mais.
O físico lhe abandonou. Viveu pautada pela ética. Amou e sofreu. 
Perseguiu seu sonho a vida inteira.Quando a vida começou a lhe fechar as portas, manteve a cabeça erguida.
Foi embora de pé, com aquela mesma firmeza com que caçava suas reportagens. 
Morreu com dignidade.
Ergo um brinde para ela, que viverá em meu coração.
Quantas saudades de JOANICE, para sempre minha amiga, para sempre repórter.
* RUBENS  VALENTE é jornalista...

Oooiii Tiiiiiioooooo !!!

Era assim que ela me saudava no telefone e nos bate papos do MSN...
E enchia meu coração de alegria, porque era uma saudação receptiva, espontânea e carinhosa...
Era como se fosse um beijo...um abraço apertado.... 

como se quisesse me dizer: Que saudade, Tio!
Fui criança com ela... Lembro dela "pequenininha", um "toquinho"... moreninha... pintadinha... serelepe... carinhosa... um projeto de gente grande...
Brincamos... tocamos violão...cantamos “tô cum coceira no bum bum” e rimos muito... 
Mesmo à distância estávamos perto... 
Nos entendíamos... nos amávamos... éramos ligados... 
Se não fosse filha da minha irmã, certamente seria minha filha... E era como se fosse mesmo... 
Até nossas risadas se pareciam... crescemos juntos, cada um na sua e sintonizados,,,
Sempre a acompanhei, mesmo de longe... 

Era muito orgulho ver cada uma das matérias dela publicadas na Internet... 
E eu sempre entrava no Google e buscava seu nome e lia tudo que ela escrevia...
Um dia veio a notícia de que ela tinha uma doença séria... rara... perigosa...
Tá... mas meu coração não entendia isso... que é isso? 

Como pode uma doença machucar essa pessoinha de carinha pintadinha e sorriso cativante?
Pois é. Pode. 

Deus veio buscá-la, muito mais cedo que devia... 
Ele tem seus desígnios... 
Fazer o que ???
Só que Ele deixou o mundinho dele incompleto...
Dizem que ninguém é insubstituível...

Não é verdade.. tem gente que é... 
Joanice é... 
Faz falta... 
Foi e deixou um vazio que ninguém vai conseguir preencher... Nem o tempo...    
Mas com certeza, de onde ela está, está nos transmitindo paz e exemplo... 
exemplo de obstinação... 
Não quer tristeza... quer lembranças só dos momentos felizes...
Assim vai ser, Baixinha... 

Se você me pegar chorando, como agora, por exemplo, imagine que é de alegria pelo privilégio maravilhoso de ser seu tio, sempre...
Ah! Estou te esperando no bate papo do MSN... 
Não vou deletar seu nick nunca... 
Beijos